29 Out 2010 - 22:00 - AUDITÓRIO Fundação de Serralves
PERFORMANCE CÉNICA E SONORA
(...) O longo arco de árvores suspensas sobre a água parecia gotejar e brilhar com miríades de prismas, os troncos e os ramos cobertos por faixas de luz amarela carmesim que se misturavam através da superfície da água, como se toda a cena estivesse a ser reproduzida por algum processo ultra-activo de Tecnicolor. (...)
(...) A floresta era um labirinto infinito de grutas de vidro, isoladas do resto do mundo e iluminadas por lâmpadas subterrâneas.(...)
É como se uma sequência de imagens idênticas mas deslocadas do mesmo objecto estivessem a ser produzidas pela refracção através de um prisma, mas com o elemento tempo a desempenhar o papel da luz.(...)
Por muito apóstatas que possamos ser neste mundo, ali, por força tornar-nos-emos em apóstolos do Sol prismático.(...)
Integrado no ciclo dedicado ao escritor J.G. Ballard, Beast Box e HHY apresentam uma performance cénica e sonora concebida a partir da montagem de fragmentos de “O mundo de cristal” de J. G. Ballard e de “O coração das trevas” de Joseph Conrad. O evento será dividido em dois fluxos mutuamente implicados de extensa duração, propondo uma experiência de imersão ambiental e cosmológica numa selva prismática e ficcional.
Entrar na Selva implica submetermo-nos à indistinção e indiferença absolutas entre mundo interior e mundo exterior. Significa a transposição de um limiar para um ambiente imersivo e em expansão para além dos limites do nosso corpo, simultaneamente orgânico e mental, aprisionando-nos num invólucro (uma gruta, uma cavidade) sem pontos de orientação e com múltiplas entradas do qual podemos apenas intuir uma saída: um espaço de ecos, visitações, derivas e infiltrações constantes do sonho na realidade e da realidade no sonho. A Selva é, nesse sentido, uma máquina (simbólica, sensorial e sonora) de ficções, fluxos e intensidades subterrâneas na qual entramos e nos introduzimos completamente ao mesmo tempo que somos nós próprios as peças desta máquina de contaminação.
Beast Box é um projecto de Jonathan Uliel Saldanha, Benjamin Brejon de Lavergnée e Diogo Dória, desta feita com a colaboração de Ewen Chardronnet. O último teatro sonoro de Beast Box foi inspirado na personagem de Nyarlathotep de HP Lovecraft e na figura de Nikola Tesla, onde fantasmagoria mecânica e a retrovisão operaram uma alucinação sobre a Electricidade.
HHY é o alter ego de Jonathan Uliel Saldanha, em que as metodologias do Dub operam. Manipula os ecos, as ressonâncias e as frequências ctónicas, em projectos com HHY & The Macumbas, Besta Bode ou Fujako.
Report#1: Beast Box
Jonathan Uliel Saldanha & Benjamin Brejon de Lavergnée: instrumentos / arquivos / dispositivos / montagem e edição de texto
Manuel João Neto: montagem e edição de texto
Ewen Chardronnet: arquivos / dipositivos / luz
Diogo Dória: voz / corpo
Report#2: HHY
Jonathan Uliel Saldanha: dispositivos sonoros e electroestáticos / luz / Dub
Benjamin Brejon: objectos
Ewen Chardronnet: lazer, cristals
Production : http://www.soopa.org
Booking : http://www.encrypted-music.com
Imagem/cartaz :Dayana Lucas e Jonathan Saldanha